Aviação e Cartografia
Aviação e cartografia são duas atividades intrinsecamente ligadas. Sem mapas, não existiria a navegação aérea entre dois lugares. Por outro lado, antes dos mapas, curvas de nível, modelos digitais de terreno, ortoimagens e modelos tridimensionais, há a captura de dados por sensores embarcados em plataformas aéreas, como os aviões.
Fundada em 1969, a ESTEIO iniciou sua história focada na topografia terrestre. Com o avanço de projetos de infraestrutura que demandavam a cobertura aerofotogramétrica, a empresa ingressou no segmento de aerolevantamento no final da década de 70. Hoje, a ESTEIO é uma das empresas mais antigas ainda em operação de aerolevantamento no Brasil, consolidando-se como protagonista em grandes projetos no país e no exterior.
Aerolevantamento Tripulado
O aerolevantamento tripulado é uma atividade altamente regulada, categorizada pela ANAC como Serviço Aéreo Especializado (SAE). As aeronaves utilizadas são especialmente adaptadas e registradas para este fim, incorporando tecnologias de ponta para coleta de dados geográficos. Ao longo de sua história, a ESTEIO operou diferentes aeronaves que marcaram épocas distintas da empresa. Este texto recorda a história dessas aeronaves, desde as pioneiras até a frota atual.
FROTA PASSADA
Dornier Do28-A - PT-IIP
O primeiro avião da frota da ESTEIO foi o alemão Dornier Do28-A, fabricado pela Dornier-Werke GmbH. Este modelo de asa alta, projetado para operar em pistas curtas e não pavimentadas, realizou seu primeiro voo em 1959. Sua aquisição foi motivada pela expansão dos mapeamentos aerofotogramétricos em regiões remotas do Brasil na década de 70. A aeronave era equipada com os sensores analógicos Wild R5 e R8.
Em janeiro de 1979, o PT-IIP sofreu um acidente durante uma missão na região de Três Marias, em Minas Gerais. Naquele tempo, a aviação civil brasileira era muito diferente. Em um voo baixo, a ponta de uma das asas encostou na superfície de um lago, ocasionando um acidente e resultando na destruição da aeronave. Felizmente, houve apenas danos materiais e todos os tripulantes sobreviveram.
EMBRAER 810D - SENECA II - PT-EJE e PT-RQA
Após o ocorrido com o Dornier e com a demanda crescente no setor de infraestrutura nas décadas de 80 e 90, a ESTEIO adquiriu novas aeronaves. Optou-se pelos estadunidenses e então modernos Seneca II em razão da maior facilidade em manutenção e operação. O PT-EJE foi o primeiro Seneca II incorporado à frota, um modelo fabricado sob licença pela EMBRAER, baseado no projeto da Piper. Este avião ainda opera em outra empresa do setor.
Outro Seneca II, o PT-RQA, também fez parte da frota e hoje está em operação pela Engemap.
Piper PA-32-260 Cherokee Six
Conhecido como “Cherocão”, o Piper Cherokee Six foi o único monomotor operado pela ESTEIO. Fabricado pela Piper nos Estados Unidos, é uma versão espaçosa da linha Cherokee. Operou até 2014, quando foi vendido. Desde 2017, não está em operação devido à falta de renovação de sua documentação por parte de seu operador atual.
FROTA ATUAL
EMBRAER 810D SENECA III - PT-VDO
Com desempenho superior, o Seneca III foi incorporado à frota no final da década de 1990 e permanece em operação na ESTEIO. Atualmente, a aeronave está equipada com o moderno sensor aerofotogramétrico digital pushbroom Hexagon Leica ADS-100, de grande formato, capaz de capturar imagens nas bandas espectrais Vermelha, Verde, Azul e Infravermelho próximo distintas (RGBN) e de alta qualidade. Esse avião continua a desempenhar um papel fundamental nas missões da empresa.
EMBRAER 820C NAVAJO - PT-RAY
O PT-RAY é o maior avião que a companhia já teve. Com 3.175 kg de peso máximo de decolagem, sua fuselagem alta e alongada tornam o Navajo uma das aeronaves mais populares para a atividade de aerolevantamento no Brasil e no mundo.
Foi o PT-RAY que iniciou a era de Perfilamento a LASER da ESTEIO, em 2001, com a aquisição do sistema LiDAR Optech ALTM 2025. Marcou também o início da fotogrametria digital na empresa, em 2006, pois nele foi embarcado o icônico imageador pushbroom Hexagon Leica ADS-40.
No jargão aeronáutico, refere-se ao modelo menor, fabricado nos Estados Unidos, como “Navajinho”, enquanto o fabricado no Brasil, maior, é chamado de “Navajão”.
É uma aeronave potente, com 350 hp em seus motores Lycoming e hélices tri-pá da Hartzell, capaz de voar acima de 10.000 pés de altitude e atingir velocidades superiores a 150 nós. Também opera em pistas menores que 1.000 metros.
Na ESTEIO, o PT-RAY é a plataforma principal para o sensor perfilador LASER e de imageamento oblíquo, o Leica City Mapper 2, podendo também operar com o ADS-100. Um fato curioso é que sua matrícula, RAY, significa “raio” em inglês, associando-se aos pulsos LASER emitidos pelo perfilador. Sua pintura, com faixas amarelas e azuis, lembra raios disparados, reforçando seu propósito na ESTEIO.
Por Iolaus Pasanisi